sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Fusão e confusão




Em sua imaginação, você escolhe os personagens, determina a ação e, em seu cenário, põe sons, cores e cheiros. É no universo criado a seu gosto em que tudo se forma em história própria e culmina em prazeres únicos. Na relação que se faz entre esse sonho de olhos abertos e a vida real, ganha-se sempre. Você é vitorioso, nada se perde e a vingança contra o dia-a-dia entre tedioso e infernal é completa. Todos os sentidos são satisfeitos.

Mas...

Não é real.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Yes, créu nim nóis!

Olimpíadas Rio 2016. Como se não tivéssemos mais o que fazer, não tivéssemos onde aplicar o dinheiro, não tivéssemos currupção suficiente...

E ainda tem a Copa do Mundo 2014!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Para onde vamos, se de lugar nenhum saímos?



Já perdemos o senso de humanidade, já perdemos o senso do ridículo. Tantas coisas há a se dizer a respeito da crise em Honduras, mas nada que seja relevante. Um presidente deposto por querer burlar a constituição e adquirir o direito de reeleger-se por mandatos sem fim não é uma novidade. Ainda mais na latrina das Américas...

Que o coração esquerdista de nosso presidente, que tem o cérebro muito bem colocado ao centro de seus interesses, acolha um ex-direitista latifundiário travestido de libertador bolivariano em nossa (sim, nossa) embaixada em um país que vive de exportar bananas para os EUA, seria bem o esperado.

Que o caudilho de porra nenhuma, sem povo, sem exército, sem pai ou mãe, pose deitado entre duas cadeiras, tendo ao fundo um mapa do Brasil, e sobre a cabeça um chapéu que lhe aquece o vácuo de entre suas orelhas, seja apenas um retrato digital de uma era analógica, vá lá...

Que o cavalo de um Simon Bolivar contrariado baixado por mandingas políticas se vanglorie da genialidade do golpe, também não acrescenta nada ao currículo de imbecil profissional de Chaves.

Nada há acima que justifique o espaço que tem, o fato, ocupado.

Para mim, basta um foda-se ao Zellaya, outro ao Chaves e um 'crie vergonha na cara, presidente!' ao Lula.

Lamento apenas pelo povo hondurenho, embora seja responsável pelo presidente que elegeu.

sábado, 29 de agosto de 2009

Para Gradiva...




Um azul de Monet. Soleil Levant...

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Dazed and confused




Um dia é diferente do outro;
O outro, do um;
Os dois, de um terceiro;
Os três, de todos os outros;
E estes, de hoje.

Oh, deus! Porque me fizeste viver junto a estes contemporâneos?




Tenho percebido cada vez mais a superficialidade nas relações humanas. Quase tudo é raso, quase tudo é muito pouco estimulante. Isso produz em mim uma sensação de desperdício, de tempo jogado fora...

Lembro-me bem de alguns anos atrás, quando as amizades eram mais profundas, quando existia um tipo de confiança genuína, e tudo era muito claro, apesar de complexo. Hoje, ou melhor, de um tempo para cá, parece que a preguiça tomou conta até dos relacionamentos. Falta interesse no outro. Cobra-se muito e dá-se muito pouco.

Esta é a era da individualidade malemolente.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

É possível fazer rima com 'muitas'...

Não quero tratar da vida como fosse
Um bater de ponto pela manhã, outro à tarde.
No meio um desejo que sufoca e arde;
Depois um sonho que de tão amargo é doce.

Não quero chegar ao fim dos meus dias
Como se fosse tudo um dia único e só.
Não quero carregar a carcaça cansada ao pó;
Não quero a alma vazia junto às carnes frias.

Pretendo encher-me de histórias muitas,
E que sejam tantas e tantas quanto espero:
As boas e as más, as pensadas e as fortuitas.

Então, agora planejamos com muito esmero,
Eu e a sorte das coisas caras e gratuitas,
Meu resto de vida e tudo o que quero.

sábado, 15 de agosto de 2009

I




Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!

Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...

Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Pra que pensar? Também sou da paisagem...

Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!

Mario Quintana

Nossa maior vergonha

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Da lei da inexorabilidade

Do arco que se fez do rígido corpo
Lançou-se uma flecha de alma um dia pura.
Foi-se a inocência adentro à noite escura:
Perdeu-se a vida como em um sopro.